Adaptado para os cinemas em agosto de 2014 como “A 100 passos de um sonho”, “A viagem de cem passos” é o romance de estreia de seu autor. Richard C. Morais já foi editor sênior da revista Forbes e o jornalista a trabalhar mais tempo como correspondente estrangeiro por lá. Ele é americano, embora tenha sido criado na Suíça.
Hassan Haji é um rapaz de família indiana, segundo de seis filhos, cuja vida está entrelaçada com a culinária. Nada a espantar quando se cresce em meio à alegria da cozinha, o caos de sua rotina e o aroma dos pratos ali preparados.Os Haji têm o próprio restaurante, mas quando as coisas começam a dar errado, obrigando-os a partir a Índia, o passar do tempo e as dificuldades acabam levando-os a Lumière, nos Alpes franceses.
A ideia é que o novo lar seja ao mesmo tempo o novo endereço do negócio. O problema é o concorrente instalado logo em frente, nada menos que o sofisticado Saule Pleureur, comandado pela tão famosa quanto tradicional chef Madame Mallory. E se há algo verdadeiro na situação, citemos o fato de o agitado estabelecimento dos estrangeiros não a agradar muito. No entanto, essa mesma mulher sabe reconhecer um talento quando o vê. Assim acontece com Hassan, aquele que se tornaria o novo pupilo de uma das melhores representantes da culinária francesa.
Destino é uma coisa poderosa. Não se pode fugir dele.
Para um livro que toca em culinária, “A viagem de cem passos” até que é gostoso. Nada no nível gourmet, mas daqueles pratos especiais das datas especiais em casa. Quem sabe até de um prato caprichado de domingo.
Narrado em primeira pessoa, ele pinta na mente do leitor imagens bacanas. Os personagens são bacanas. As situações em si são bacanas. Pena que nem sempre o legal(zinho) convence. Vamos combinar que esse livro podia fazer melhor. Podia ter explorado as descrições com maior sabedoria, ao invés de se estender desnecessária e/ou ineficazmente em certas partes, conseguindo só um conceito positivo pela tentativa onde poderia nos seduzir.
Richard C. Morais erra no passo. Ou talvez eu deva dizer na mão. Há certos avanços no enredo tratados superficialmente, sem cobertura, deixados em branco. Isso para coisas ruins, boas, passagem de tempo… Então a gente se acostuma, porque, tudo bem, o caminho para a aceitação é menor do que o para a revolta, apenas para o autor dar uma corrida no final. Aí fica difícil defender.
Os personagens vivem seus altos e baixos, se desenvolvem e nos entretém. A obra traz emoção na tragédia, na paixão, na conquista. Compartilhar das experiências não foi nenhum esforço. É por aí que se explica o que impediu esse trabalho de Morais de ir para o lado negro da força.
Em geral, essa leitura é para a vibe daquele “leva na boa, cara”. Sabe com é? Recomendo baixas expectativas, mas não desencorajo ninguém a tentar.
Título original: The Hundred-foot Journey
Número de páginas: 300
Editora: Record
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