Em 1969, Mari Puzo publicava o best-sellher “O poderoso chefão”, adaptado para os cinemas em 1972. Baseando-se no roteiro do filme, escrito pelo próprio autor do sucesso, Ed Falco reapresenta em “A família Corleone” os personagens eternizados na década de ’70.
Na Nova York de 1933, ainda em meio à Grande Depressão que marcou a história dos Estados Unidos, a Lei Seca está com os dias contados. Não são poucos os grupos criminosos ligados ao contrabando de bebidas que precisarão reestruturar os negócios, e Vito Corleone preocupa-se em continuar a garantir os interesses da família.
As ruas da cidade são testemunhas da guerra do submundo da máfia. Apesar de Vito pensar em como mudar sua fonte de renda ao mesmo tempo que procura manter filhos e esposa longe da vida que leva, Sonny, seu filho mais velho, líder da própria gangue, passa a participar das atividades ilegais prejudiciais a Giusepe Mariposa, o novo chefe de foras da lei mais poderoso. Não bastasse isso, ele também está ligado ao poderoso, temido e aparentemente intocável Luca Brasi. Assim, fica para Vito a responsabilidade de garantir a continuidade do legado da família.
— Por mim as coias não teriam chegado a esse ponto — falou Luca, e com um resmungo se levantou da poltrona capenga.
— É uma vergonha, não é, Luca? — perguntou Donnie. — As coisas horríveis que esse mundo nos obriga a fazer.
Eu nunca assisti “O poderoso chefão”. Nunca li o livro. Nunca tinha ouvido falar em Don Vito Corleone. OK, essa última parte é mentira. Das grandes. Mas é verdade que eu pouco sabia sobre a história, tirando o que “pesquei” em citações em séries/filmes ou conversas alheias. Eu, Kimberlly, nunca assisti a esse clássico de Francis Ford Coppola. Julgue-me. Porém. se faltava algo para impulsionar minha vontade de mudar essa situação, tenha a certeza de que era esse livro. Este dia não terminará sem que eu tenha uma afirmaações diferentes das acima a dar.
“A família Corleone” é absurdamente envolvente. Proporciona uma experiência quase que visual. Com a narração em terceira pessoa, ele é abrangente a todo instante. Com capítulos sem medo de se estender, não deixa margem para que o leitor sequer pense em taxá-lo de cansativo. Com personagens poderosos (poderia ser um trocadilho, mas não é!), cativa sem demonstrar esforço. É viciante.
A violência, a tensão, os jogos de poder, a complexidade da natureza humana… Tudo é narrado e amarrado com destreza. Ed Falco é escritor de diversos romances, peças e contos. Ele é conhecido pelos trabalhos que unem literatura e hipertexto, estudados em especialmente em universidades, e vale dizer que ao menos nessa obra não há espaço para buracos. Não deixam de ter vez nem mesmo Michael, Fredo e Connie, os filhos mais jovens, ainda em idade escolar. Encanta-me que ele possa atrair com detalhes desse universo até leigos como eu. Só posso imaginar o quanto os fãs devem estar satisfeitos.
Agora, se me permitem, aqui vou eu tirar o atraso de 19 anos com o filme. Cheguei à conclusão de que um pouco mais de Corleone nunca é demais.
Título original: The Family Corleone
Número de páginas: 419
Editora: Record
1 Comment
Max Gomes
7 de dezembro de 2014 at 01:06Essa capa tá linda.