Gail Carriger, pseudônimo de Tofa Borregaard, fez sua estreia literária com Alma? em 2009. Chegando ao Brasil em 2013 e com o próximo sua sequência prevista ainda para o segundo semestre deste ano, o livro é o primeiro da série de 5 volumes O Protetorado da Sombrinha, conhecida como uma das séries steampunk mais cultuadas do mundo.
Nesse livro, Alexa Tarabotti é uma solteirona desalmada. Literalmente. Parte de uma família formada por mãe, padastro e meia-irmãs um tanto quanto fúteis e, bem, comuns, Alexa, por outro lado, é “apenas” uma jovem metade italiana sem alma com a capacidade de anular os poderes de qualquer ser sobrenatural, incluindo lobisomens, vampiros, fantasmas… Seres que podem nem sempre achar a existência da moça assim tão interessante. Isso, claro, não melhora quando um vampiro tenta atacá-la e acaba sendo acidentalmente assassinado. É aí que o misterioso Lorde Maccon entra para investigar o ocorrido. E é também a partir daí que começa toda a história.
Sem dúvida possuía uma identidade, um coração que se emocionava e tudo mais; só não tinha alma. Então, aos seis anos, anuíra educadamente para o senhor grisalho. E passara a ler um monte de livros de filósofos gregos a respeito de razão, lógica e ética.
Narrado em terceira pessoa, Alma? apresenta uma junção de humor, romance, aventura e vitorianismo que não me surpreende em nada ter resultado em sucesso. A criação de Gail tem aquele “efeito chiclete” capaz de manter o leitor preso a um mundinho que de tão bem estruturado faz parecer possível a rainha Vitória realmente ter governado uma Inglaterra com todo um departamento voltado somente para a comunidade sobrenatural.
Há todo um cuidado por parte da autora para inserir os elementos sobrenaturais, assim como também se vê na hora de explicar a ausência de alma de Alexa. Isso passa uma sensação de segurança, algo como “Ei, eu sei o que estou fazendo!” que no fim das contas acaba fazendo toda a diferença. Afinal de contas, imagine só a bagunça que esse livro poderia ter sido. Tecnologia + passado + romance + ação = falta de foco? Não mais. Não nesse caso.
Quem quer que ouvisse aqueles uivos tremeria de medo, independentemente de ser vampiro, fantasma, humano ou animal. Algo que, no final das contas, não importava muito, pois qualquer lobisomem liberado das correntes matava de forma indiscriminada. Na noite de lua cheia, a lua sangrenta, não se tratava de escolha nem de necessidade. Apenas acontecia.
Os personagens então… Um caso à parte. A protagonista é carismática, seu interesse romântico conquistou até a mim, o vampiro gay é um espetáculo. Mais uma vez, palmas para Gail. Mesmo com os clichês nesse ou naquele personagem ou nessa ou naquela situação, tiro o meu chapéu.
Alma? é como uma versão mais ousada e moderna dos romances de Jane Austen. Meu único desejo é que o nível se mantenha nos outros volumes da série.
1 Comment
Insane max
22 de maio de 2013 at 02:17Vampiro gay? Preciso ver (ou melhor, ler) isso de perto! Haha
O livro parece ser bem interessante. *-*