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[Resenha] Guia de Uma Ciclista em Kashgar — Suzanne Joinson

Guia de Uma Ciclista em Kashgar, originalmente publicado em 2012, é o primeiro livro de Suzanne Joinson. Traduzido para mais de 10 línguas, ele é finalista do Anobii First Book Award de 2013, que premia novos romancistas.
Quando foram para a cidade chinesa de Kashgar em viagem missionária em pleno 1923, Evangeline, Lizzie e Millicent não poderiam imaginar encontrar todas os percalços que apareceriam pela frente. Elas nem sequer precisam esperar muito pelo surgimento dos problemas, pois se veem envolvidas em questões diplomáticas logo no início da viagem.
Já nos dias atuais, Frieda tem seu próprio pepino para descascar. Uma bela hora ela abre a porta de casa e encontra um desconhecido desenhando na parede do corredor. Desconhecido esse que desaparece no dia seguinte, deixando para trás algumas palavras em árabe bem intrigantes. Mas isso não é tudo: Frieda recebe uma carta dizendo que ela precisa esvaziar o apartamento de uma dita parente de quem nunca tinha ouvido falar antes. E isso, juntamente com o reencontro com Tayeb, o tal desconhecido imigrante ilegal, levam a uma série de descobertas que acabarão ligando essa história à de três moças ciclistas em Kashgar.

Continuar pedalando, pedalando para longe. Se você pedalar rápido o bastante, você voa.

Alternando a narração entre 1923 e os dias atuais, Guia de Uma Ciclista em Kashgar proporciona uma viagem constante. A mistura de épocas, culturas etc. funciona bem a ponto de transportar o leitor de um “lado” para outro sem grande dificuldade. O obstáculo, no entanto, é o ritmo lento do livro. Embora os detalhes do plano de fundo passem um sensação de realidade, a relativa demora para chegar às vias de fato impede um envolvimento mais completo.

O grande ponto forte do livro está na abordagem dos relacionamentos, pois a complexidade dos sentimentos humanos está bem representada. Se não fosse os momentos focados nas três irmãs do século XX, (entre elas aquela que deseja se dedicar a escrever um guia para ciclistas) e os voltados para o casal do nosso século não conseguirem ser igualmente interessantes, bem mais poderia ter sido aproveitado para a trama. Ainda que a diferença não seja gritante, está lá, incomodando.

Toda a parte gráfica é um show à parte — destaque para as ilustrações representando o Inferno e o Paraíso encontradas nas capas internas. Só que, no fim, o livro mesmo pode se revelar cansativo. É daqueles que obrigam a chegar até as últimas páginas graças aos fios da curiosidade. No meu caso, não foi o suficiente para convencer.

Título original: A Lady Cyclist’s Guide to Kashgar
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 272
ISBN: 9788580573275

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