Em casa, Judith tem um mundinho em miniatura só seu, sua Terra Gloriosa. E por mais que essa maquete de sucata pareça boba e inofensiva, quando sua criadora age sobre ela, um milagre acontece. A neve que a livrou de ir ao colégio e assim a tirou das mãos de um colega de turma, assim como outros milagres que se seguiram, fazem Judith acreditar que tem o poder de realizar milagres, embora ainda não esteja ciente de que grandes feitos trazem grandes responsabilidades. Ela ainda vai aprender que é feito não pode ser desfeito.
Eu sei como é a fé. O mundo no meu quarto é feito dela. Com fé bordei as nuvens. Com fé recortei a lua e as estrelas. Com fé colei tudo junto e fiz todas essas coisas cantarolando. Porque a fé é igual à imaginação. Ela vê uma coisa onde não há nada, dá um salto e de repente você está voando.
A Menina Que Fazia Nevar, narrado pela jovem protagonista, é cheio de doçura, ingenuidade e lições de fé. É profundo e leve; duro e suave. É uma mostra de como explorar pensamentos e assuntos maduros na mente de uma criança, atingindo pessoas de todas as idades.
Com o passar das páginas, fica cada vez mais claro que a autora soube tratar de diversos assuntos de especial importância no mundo infantil sem deixar de expor a relação da personagem com a religião, os vizinhos, os membros da igreja e o pai. Especialmente com o pai, com quem tem uma relação difícil, que ainda sofre com a perda de uma mãe que Judith nem chegou a conhecer.
O livro é dividido em cinco partes, e a demonstração da importância do diálogo familiar, as referências à Bíblia e a forma como o bullying foi inserido serviu para me envolver, para me fazer sentir a história e me emocionar. Nunca serei capaz de negar meu desconforto com o lado religioso — não consigo me sentir confortável vendo alguém de 10 anos frequentemente se referindo à própria cidade como “Antro de Iniquidades, entre várias outras coisas —, mas deixo minha visão religiosa em stand by aqui, apesar de também ser cristã. Respeito o cristianismo tradicional e reconheço a qualidade da obra.
Desenvolvi um grande carinho por esse livro. E, sinceramente, duvido que pudesse ser diferente. Não sei e não pretendo aprender a resistir a obras ricas em sensibilidade.
6 Comments
Débora
14 de março de 2013 at 20:08Amei a resenha, Kim *_*
Eu quis ler esse livro desde que a Gleice falou muito bem na resenha dela e agora com esse seu selo de aprovação, eu sei que posso ler sem medo.
Eu não me importo muito com as referências cristãs, principalmente porque eu gosto muito disso e é raro achar um livro traduzido com esses temas.
Bem, agora eu definitivamente vou ler ele 😀
Rafaela.
15 de março de 2013 at 00:24Ah, desde que eu vi o título e a capa de "A menina que fazia nevar" sabia que iria gostar. Sua resenha só reforçou esse sentimento!
Adorei a quote! 🙂
Beijocas, Kim!
http://artesaliteraria.blogspot.com.br
D e s s a
15 de março de 2013 at 14:07Achei linda a capa, e me interessei muito pela história *-*
Como a Rafaela disse, sua resenha só reforçou esse sentimento [2]
Essa parte religiosa não me afeta muito, então espero gostar mesmo do livro *-*
@hey_deeds
http://www.apenas-um-vicio.blogspot.com.br
Helana O'hara
17 de março de 2013 at 00:26Li outra resenha desse livro também e te confesso que achei ele muito interessante. E como trata de bullying também, sempre é mais delicado.
Beijinhos ♥
http://www.intheskyblog.blogspot.com.br
Jacqueline Braga
25 de março de 2013 at 17:19Apesar de ser cristã protestante, estes livros que trazem esta temática nunca conseguem me ganhar, que foi o caso de A cabana, que odiei.
But, este parece ser mais singelo , justamente por trazer uma protagonista tão nova. Tá aqui na minha fila de leituras, veremos se gostarei
bjos
Cris Aragão
16 de maio de 2013 at 03:31Esse livro parece ser tão lindo, adoro infanto juvenis, especialmente quando o autor respeita a inteligência dos leitores jovens, aí é capaz de agradar a qualquer leitor